Na Rua/Em Casa

“Na Rua/Em Casa” – Texto de Cláudia R. Sampaio
Criação Útero
Apoio da Câmara Municipal de Lisboa
O Útero é uma estrutura financiada pelo Estado Português – Direção Geral das Artes
Fotografia da performance Susana Paiva/Helena Gonçalves
A casa é um corpo mutante. Foi um espaço onde sempre misturei arte e vida familiar. Os ensaios na Rua lopes e no Principe Real, em Lisboa, na Av. D.João Iv, em Guimarães, até à criação do Land – Casa do Cais do Sodré (2006-2010), onde fui criador, actor, curador (há muitas formas de escolhermos e fazermos uma história do presente). Gosto desta mistura entre a ficção e a realidade. Mundos em luta. Estamos em luta (pensamento)a tentar perceber que mundo é este (entre a apresentação da performance, os ensaios da “wood Trilogy” e a vida em família onde pensamos o mundo e a importância de ser pessoa) Passado um ano já não sabemos nada acerca do futuro mas sabemos que há valores universais de partilha e amor fundidos na arte e na imaginação que nunca poderemos abdicar.
Não esperava fazer em casa esta criação (criada para ser feita em casa sem substituição de nada. Reação a uma curiosidade anos 60 – New media Art devido à pandemia) com todos nós outra vez em casa (o corpo) a tentarmos perceber o que é uma pandemia e como nos comportarmos perante esta singularidade. A cultura herdou uma forma única de resistir (o movimento surrealista português um exemplo maravilhoso), na luta anti-fascista a um regime que durou em Portugal cerca de cinquenta anos. Podemos e devemos resistir aceitando que estas normas vão nos levar a um futuro melhor.
Dia 28,29,30 de Janeiro, 4,5,6,11,12,13 Fevereiro entre 19h-22h (Última marcação)
Os armazéns, as ruas, as casas, os teatros, a vida. O meu amigo Toscano tem me ensinado a importância de estar constantemente (todos os dias) em contacto com o público. Uma forma positiva de “banalizar” a relação e aquela presença.
O que seria se todos os dias do ano tivéssemos em palco (vários espaços)? que transformações ocorreriam no nosso corpo?
Este ano vou tentar fazer desse lugar de experiência até ao vómito ou ao grito o meu lugar. Ao vivo (online, estúdio, cozinha, teatro, casa de banho) Do tempo dos 150 espectáculos por ano (no Bando) até à meia dúzia dos dias de hoje há um fosso tremendo. Os artistas de palco passam mais tempo a ver outros espectáculos do que a fazê-los (só se tinha a segunda feira livre) Entrámos no tempo dos artistas-espectadores. Movimentar as mentes e os corpos em novos princípios.
Estreámos a peça “Na Rua” em 2006. Era azul a bola. Projeto criado em parceria com o meu pai – Jorge Moreira – e construído pelo “leonel e Bicho”. Era Azul. Era uma esfera. Um teatro para um performer e um espectador (Rebeca Horn). Foi uma reação a não termos muitos lugares para apresentar o nosso trabalho. Construímos o nosso teatro. Com a colaboração com o escritor José Luis Peixoto. Em 2009 fomos convidados pelo Giacomo para aumentar o número de esferas (4 duas vermelhas e duas azuis)e fizemos o “Na Rua Futurista” com os textos do Marinetti. Em 2010 fomos a Gijon, em Espanha, a convite do Mateo Feijoo, e apresentámos a mesma versão com a intervenção da artista YELLA
Em 2012 o José Bastos programou-nos para a Capital Europeia da Cultura (e ai cresceu esta relação longa de amor com a cidade de Guimarães) e passaram a ser seis esferas (nasceu a verde e a laranja). Voltámos a colaborar com o José Luis Peixoto.
Em 2015 fomos a Serralves, no Serralves em festa, a convite da Cristina Grande e apresentámos uma versão mais longa em que vários intérpretes iam-se substituindo. Um ano mais tarde numa versão aproximada no Teatro Nacional D.Maria II a convite de Tiago Rodrigues.
Para a semana iniciamos a experiência de fazer “Na Rua” e “Em Casa”. Reação aos tempos atuais com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
Muitas histórias, muitos lugares nestes anos. Aqui apenas a descrição dos momentos em que a criação se foi alterando nestes 14 anos
As bolas foram habitadas por intérpretes incríveis primeiro pela minha irmã Sandra Rosado. Depois pelo Carlos António, Felix lozano, Sofia Pimentão, Catarina Félix, Vania Rovisco, Diana Coelho, Sophie Lesso, Raquel André, Joana Manaçãs, Flavio Rodrigues, Tânia Diniz, André Marques, Bruno Senune, Marta Silva, Pedro Ramos, Tiago Viera, Mara Andrade, Catarina Requeijo, Carolina Faria (peço desculpa por algum esquecimento)
Muitas horas desta performance em duração feita mais de duzentas vezes para vários milhares de espectadores em Portugal, Espanha e França
A Rua, esse lugar revolucionário que não nos dá descanso e nos desafia a novos olhares sobre o mundo

 

https://www.publico.pt/2021/01/28/culturaipsilon/noticia/miguel-moreira-transportanos-telemovel-lisboa-desintegrada-1948378

Additional information

01
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HERALD

Where our words lay to rest and from time to time, when time presents, a little bit more.

02
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CREATORS

Our branches, stretched beyond tearing, made to build bridges.
To deliver method and process.

03
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Utero

Process, form and shape.
We, only as words, never neglecting our existence nor essence, display our hands in past and present shapes.