Regina-Ritual Wedding

Regina-Ritual Wedding

Com Regina Fiz e Miguel Moreira

Piano Joana gama

Fotografia de Inês DÓrey e Guidance festival

Estreado em 2010 no Espaço land no Cais do Sodré, em Lisboa

Apresentado no Festival Guidance, em Guimarães, no CAAA – Uferstudio, em Berlim – Galeria Off Limits, em Madrid – Volksroom, em Bruxelas

“Na estética e no pensamento queer leio o novo, a margem, a transgressão. Leio o espaço onde eu (…) sempre quis estar”. Miguel Moreira

O corpo e os seus ícones. Esta é a questão central de Regina – The Ritual Wedding. Um trabalho que pisa territórios de um ritual enraizado e que convoca o público para uma experiên- cia nova, apelando ao interdito e a uma proximi- dade entre íntimos. A casa, antes do casamento. Depois, o encontro entre os noivos, entre Regina Fiz e Miguel Moreira. A mobília-escultura de Cas- siano Branco – arquiteto modernista português -, ao estilo Art Déco, e outros símbolos da cultu- ra portuguesa como o vestido, o véu, o ramo, a ourivesaria popular tradicional. Uma simbolo- gia que reside no imaginário coletivo. Que nos diz respeito. Que nos associa com o momento. Regina é também um outro discurso: a transforma- ção e o pensamento queer associados a uma ideia de uma sociedade livre. O espaço do corpo e da li- berdade em uníssono. Uma peça que é resultado e processo. Resultado de uma experiência de vida – a de Regina Fiz – e de um processo de luta contra as normas sociais e políticas segregadoras. Um proces- so que questiona a identidade. Quem sou eu? Que relação existe entre mim e o meu corpo? Neste sentido, a obra levanta questões, rompe com a ordem.

Regina é um discurso crítico do pós-modernismo que destabiliza a imagem do hegemónico, da es- tabilidade, da heterossexualidade. Um discurso que abre espaço a subjetividades outras. É Regina que transporta Miguel nos seus braços e o deita – uma inversão clara da figura do noivo que trans- porta a sua noiva para o leito nupcial. A rejeição de uma visão totalizadora e essencialista da line- aridade dos comportamentos. Uma nova cultura do sexo que implica a recodificação da experiên- cia. Há outros corpos que tocam o corpo de Mi- guel, não só o de Regina. Femininos e masculi- nos. Ambos lambem o corpo nu e deitado, coberto do que parece ser chocolate e que abre espaço à equivalência de todos os corpos sujeitos. O vazio ontológico da identidade e das suas políticas. Em Regina – The Ritual Wedding a masculinidade possui em si mesma a feminilidade. O discurso da sociedade contra-sexual e das estruturas de poder alternativas. Proliferam corpos, vontades, delei- tes e gramáticas de intimidade. Uma linguagem de teor pós-pornográfico que põe em causa a vali- dade do “género”. Uma multiplicidade de corpos que combatem a construção instituída de “normalidade” e “anormalidade”.

O que reconheço de mim aqui e agora? Esta proxi- midade necessária faz com que a peça tenha sido pensada para ser apresentada a um grupo reduzi- do de pessoas, não mais de cinquenta. Ganha-se universalidade sem que se perca o intimismo.

“(…) In queer aesthetics and thought, I read the new, the edge, the transgres- sion. I read the place I have always wan- ted to be.” Miguel Moreira

The body and its icons – this is the core question of Regina – The Ritual Wedding, a work which embarks upon the territory of a deeply-rooted ritual and which offers the audience a new experience, appea- ling to the forbidden and the closeness amongst intimates. We have the hou- se, before the wedding. Next comes the meeting of the bride and groom, of Regi- na Fiz and Miguel Moreira. We have the sculptural furniture of Cassiano Branco, the Portuguese modernist architect and the Art Deco style, as well as other sym- bols of Portuguese culture, such as the traditional styles of the dress, the veil, the bouquet and the gold jewelry. The symbology resides in the collective ima- gination. It is what is ours, what con- nects us to the moment.

myself and my body? The work raises questions about these points and bre- aks with order.
Regina is a post-modernist critical dis- course which destabilizes the image of hegemony, stability and heterosexuali- ty, a discourse which opens up a space for the subjectivity of others. It is Regi- na who carries Miguel over the threshold and lays him down – in a clear inversion of the figure of the husband who takes his bride off to the wedding bed. This is a rejection of an all-encompassing and core-essence-minded linearity of behaviors, a new culture of sex which implies the recodification of experien- ces. There are other bodies which tou- ch Miguel’s body, not just Regina’s, and both women’s and men’s. They all lick at the naked, reclining body which see- ms to be covered in chocolate, thus ope- ning up the space for an equivalency of all bodies. The ontological emptiness of identity and its politics.

In Regina – The Ritual Wedding, masculinity possesses a type of femininity. We have the discourse of the counter-sexual socie- ty and the structures of alternative po- wers. Bodies abound, as well as desires, delights, and the grammar of intimacy. Post-pornographic language questions the validity of “gender.” A multiplicity of bodies fights for the construction of “normality” and “abnormality.”

What do I recognize of myself here and now? This necessary closeness to the per- formance means that the show will be limited to a small audience, of no more than 50, and in so doing, universality is gained without any loss of intimacy.

 

Additional information

01
-

HERALD

Where our words lay to rest and from time to time, when time presents, a little bit more.

02
-

CREATORS

Our branches, stretched beyond tearing, made to build bridges.
To deliver method and process.

03
-

Utero

Process, form and shape.
We, only as words, never neglecting our existence nor essence, display our hands in past and present shapes.